Nilma Gomes entra para a
história do Brasil como a primeira mulher negra a comandar uma universidade
federal. Nilma Lino Gomes assume a Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Entre tantos
desafios, está ampliar as relações internacionais com os países de língua de
expressão portuguesa. Leia a seguir entrevista publicada pelo jornal O
Povo nesta segunda-feira (20):
Professora mineira Nilma Lino Gomes tomou um susto quando
foi convidada para ser reitora da Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) no início deste ano. A proposta veio do
colega Paulo Speller, reitor-fundador da primeira universidade internacionalizada
do Brasil, fincada no Maciço de Baturité, em Redenção, a 40 quilômetros de
Fortaleza. Passada a surpresa, veio a percepção do contexto. Seria a primeira
mulher negra no comando de uma universidade brasileira.
“Senti-me honrada e, depois do choque, compreendi que o
convite tinha a ver com minha trajetória”, afirmou a reitora Nilma Lino em
meados de abril, 20 dias após desembarcar em Redenção. Com um sorriso largo e
palavras sob medida, à moda de Minas, a doutora em Antropologia pela
Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutora em Sociologia pela Universidade
de Coimbra aborda as questões em torno do racismo no Brasil, tema que elegeu
tanto na academia como pesquisadora, quanto como cidadã. “Pedagogicamente, atuo
assim; politicamente, atuo assim. Quando o convite chegou, entendi que tinha a
ver com meu perfil. Sou uma mulher negra que atua nas questões raciais”,
analisa a reitora sobre o porquê de ter decidido deixar Minas Gerais para morar
numa cidade que só conhecia de ouvir falar, e ser reitora de uma universidade
que havia de concluir a implantação.
Ao longo de quase duas
horas, Nilma Lino conversa sobre o trabalho intenso
de conhecer o lugar, a universidade e as pessoas, fala sobre as políticas
afirmativas em curso no Brasil e diz que o resultado dessa política pelo menos
jogou por terra o discurso mítico em torno da democracia racial no País. A
seguir, os principais pontos da entrevista.A senhora já conhecia Redenção antes de vir como reitora para a Unilab?
-Não. Eu sabia da universidade e sabia de Redenção pelo meu colega que foi o primeiro reitor Paulo Speller. Fomos colegas no Conselho Nacional de Educação. Quando cheguei ao Conselho, Paulo estava terminando a gestão dele na Câmara de Educação Superior e sempre falava da universidade e de Redenção. Mas não tinha vindo aqui.
Para a senhora, qual o maior desafio para o processo de consolidação da Unilab?
-Não sei se teria o maior. Acho que o primeiro desafio é dar continuidade ao trabalho de instalação, de início da universidade, tão nova. Acho que meu grande desafio é dar continuidade e consolidar esse trabalho já iniciado pela gestão do professor Paulo Speller. Outro desafio é nesse processo é ir ampliando e aprofundando cada vez mais esse caráter internacional dessa universidade com os países de língua de expressão portuguesa, em especial os africanos, e com possibilidade de expansão. Nas mais diversas áreas da universidade: pesquisa, ensino, extensão e na própria relação dos professores com a pesquisa.
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