terça-feira, 9 de dezembro de 2014

PELOTAS SEM MEDO: tod@s junt@s pelo fim a violência contra a mulher

PELOTAS SEM MEDO:
tod@s junt@s pelo fim a violência contra a mulher


MANIFESTO

Por patriarcado entende-se uma sociedade baseada no poder masculino. Esse sistema desenvolve uma cultura onde a sociedade se organiza com base na dominação de homens sobre mulheres, que se sujeitam à sua autoridade, vontades e poder. Os homens detêm o poder público e o mando sobre o espaço doméstico, mantendo controle sobre as mulheres e seus corpos.
Por maiores que tenham sido as transformações sociais nas últimas décadas, com as mulheres ocupando os espaços públicos e inseridas no mundo do trabalho, a cultura patriarcal e machista permanece muito presente e vem sido reforçada. Um exemplo disso se dá na desvalorização de todas as características ligadas ao feminino e também na aceitação de diversas formas de violência contra a mulher, inclusive na aceitação da violência sexual.
Dia 11 de novembro foi divulgado o Anuário Nacional de Segurança Pública, que apresenta dados atuais do país na área. O Anuário demonstra que, no ano de 2013, pelo menos 143 mil mulheres foram vítimas de estupro, o que por sua vez, corresponde à ocorrência de 1 estupro a cada 4 minutos no Brasil. Sabemos que este número, por si só já alarmante, não necessariamente representa a totalidade dos casos, haja vista que nem todas as mulheres violentadas chegam a denunciar, por medo ou vergonha. Dessa forma, não temos como ter certeza dos dados reais sobre o assunto, mas podemos inferir que esse número é muito maior.
Temos um entendimento que o estupro se insere como consequência de uma cultura que naturaliza e banaliza diversas violências suportadas pelas mulheres, alicerçadas nas desigualdades de gênero.
A violência contra a mulher vem se consolidando pela sua naturalização sob as mais diversas formas de manifestação. Ela está internalizada como parte da vida das mulheres, sendo vista como uma reação natural ao seu comportamento ou à não adequação aos padrões sociais. Isso geralmente desencadeia o que chamamos de “culpabilização da vítima”, onde a mesma passa a ser vista como responsável pela agressão que sofre, pois se busca motivos no seu próprio comportamento para justificar a ocorrência do estupro.
Podemos perceber isso a partir da divulgação da pesquisa denominada “Tolerância Social à Violência Contra as Mulheres”, realizada neste ano pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), em que quase três quintos dos entrevistados, 58,5%, concordaram, total ou parcialmente, que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros” e 26% que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Esses dados demonstram uma realidade onde a naturalização da violência de gênero se naturaliza e, mais do que isso, parece fazer parte de nossa cultura.
Em Pelotas está havendo um aumento dos casos de estupros registrados na Delegacia da Mulher, com a ênfase em casos com jovens universitárias, o que desconstrói alguns mitos acerca dos agressores, demonstrando que essas práticas são independentes de níveis intelectuais, culturais e socioeconômicos em geral.
Dessa forma, viemos a público manifestar nosso repúdio e nossa indignação a qualquer exercício de violência de gênero. Por isso lançamos a campanha “PELOTAS SEM MEDO: tod@s junt@s pelo fim a violência contra a mulher”, para combatermos a violência sexual contra as mulheres e, mais do que isso, para construirmos uma rede de atuação que possa colaborar para uma transformação das relações sociais, primando especialmente pela promoção da igualdade, grarantindo o exercício de uma nova cultura.

Assinam este Manifesto:

- Associação Fraget
- Brigada da Polícia Militar – Patrulha Maria da Penha- 3225-8311/ 3281-2858
- Cáritas Arquidiocesana de Pelotas – caritas.pelotas@gmail.com
- Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de violência- 32794713
- Comissão da Diversidade OAB
- Comitê de Entidades no Combate á Fome e pela Vida – COEP Pelotas –coeppelotas@gmail.com
- Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CMDM –conselhomulherpelotas@gmail.com
- Delegacia Especializada da Mulher de Pelotas - 3310-8150
- Fórum de Extensão e Cultura da UFPel
- Frente Feminista Giamarê
- Gabinete da Deputada Miriam Marroni
- Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas (GAMP) gamp.pelotas@gmail.com
- Instituto Mário Alves
- Núcleo de Responsabilidade Social da Embrapa Clima Temperado
- Observatório de Gênero e Diversidade Sexual da UFPel
- Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFPel

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